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Entrevista | Moisés critica governo Jorginho, fala sobre modelo de gestão e prepara Republicanos para 2024

Por: Marcos Schettini
27/04/2023 15:34
Divulgação

Liderança que emergiu em 2018 com a primeira onda bolsonarista em Santa Catarina, o ex-governador Carlos Moisés da Silva fez história nos seus quatro anos de gestão, seja pelo modelo eficiente impresso no governo ou pelos dois processos de impeachment que foi submetido após divergências entre os Poderes.

Nas eleições de 2022, quando teve Udo Döhler (MDB) como vice, por pouco não foi ao segundo turno enfrentar o hoje governador Jorginho Mello. Foram 17.433 votos a menos que Décio Lima (PT), que confrontou o líder do PL numa dobradinha estadual do cenário nacional. Com toda estrutura da máquina à disposição, na segunda etapa da eleição o jogo poderia ter sido diferente, mas não foi o que aconteceu.

Agora, após quatro meses longe do Poder, Carlos Moisés concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e, de modo sereno e tranquilo, fez críticas ao Governo Jorginho, apontado falhas municipalistas que influenciam de modo negativo todos os catarinenses. Ainda, ensaiando um retorno político, falou sobre a reestruturação do Republicanos, partido no qual assumiu a presidência em SC com o desafio de sair vitorioso no pleito de 2024. Confira:


Marcos Schettini: Passaram-se os chamados 100 dias de governo Jorginho Mello. Qual sua avaliação?

Carlos Moisés da Silva: Creio que o julgamento das gestões deve ser feito pelos catarinenses a cada 4 anos. Governos devem ser comparados. Capacidade de gestão, capacidade de enfrentar crises, equilíbrio, coerência política, municipalismo, ou seja, sensibilidade de investir onde as pessoas vivem, sensibilidade social, investimentos em educação, segurança, infraestrutura e saúde.


Schettini: O período de 100 dias é suficiente para avaliar um governo?

Moisés: Existem ações que não são de governo, são ações de Estado. Essas nunca deveriam ter sido interrompidas, como temos os exemplos na infraestrutura. Obras com as digitais dos parlamentares catarinenses, inclusive. Temos uma mostra clara de que é um governo que faz caixa, desacelera, mesmo que isso signifique prejuízo aos catarinenses, ao desenvolvimento do Estado e aos cofres públicos.

Schettini: O Sr. passou por dois pedidos de impeachment e retornou ao mandato. Por que seu governo viveu estes fatos políticos?

Moisés: Isso foi uma crueldade com o povo catarinense no meio da maior crise sanitária que a humanidade já viveu. Uma irresponsabilidade. Nossa gestão representou a quebra de um modelo. Combate à corrupção com a revisão de contratos, enxugamento da máquina pública e a visão de ter as pessoas em primeiro lugar. Isso estremece a relação política tradicional, agravada pela pandemia. Saímos vitoriosos e com o melhor resultado da pandemia do Brasil. A menor mortalidade para Covid-19 do País e a melhor gestão pública do Brasil, lembrando que isso quem diz não é o Moisés, mas órgãos independentes como Ipea e Centro de Liderança Política - CLP).


Schettini: Não foi a falta de diálogo e a indiferença com os poderes quem jogou seu mandato no processo de cassação política?

Moisés: Quem acompanhou o nosso mandato sabe que cortamos interesses escusos e enfrentamos a corrupção. Nossa gestão entregou tudo o que prometeu, mesmo tendo enfrentado o imprevisível, que foi a pandemia, na qual o mundo inteiro não sabia o que fazer e nem para aonde ir. Nós acreditamos na ciência, mantivemos a coerência e salvamos muitas vidas, sem deixar de fazer gestão e melhorias em todas as áreas. Tenho muito orgulho do nosso time de Governo, das nossas equipes, de todos que colaboraram para colocar o nosso Estado onde colocamos. Fomos a melhor gestão pública da história recente do País. Os números mostram. Os números são fatos que dificilmente serão superados.


Schettini: A busca da sua reeleição optando por um partido pequeno sem poder de mistura de sangue, não foi um erro?

Moisés: O Republicanos é o quinto maior partido do Brasil, elegendo 41 deputados federais, 4 senadores e 2 governadores. É o único partido do Brasil que tem um Observatório Nacional de Combate à Violência Política Contra a Mulher. É o único partido do Brasil que tem uma faculdade com cursos presenciais e à distância, dentre eles, Bacharel em Direito e Bacharel em Ciência Política. Temos a Fundação Republicana e o Centro de Apoio aos Municípios - CAM, que, em Brasília, presta um relevante serviço. Nosso presidente nacional do partido é o atual vice-presidente da Câmara Federal, o deputado Marcos Pereira. Aliás, cruzamos sangue sim, na última eleição estivemos numa coligação com 6 partidos em SC.


Schettini: Por que demorou tanto o entrosamento junto às forças de Poder?

Moisés: Levou algum tempo para entenderem qual era o nosso projeto, mas já sentem saudades dele (risos…). Olhar as cidades e as pessoas com o respeito que elas merecem, foi isso que representamos. Foi isso que a equipe do Governo Moisés fez nos seus 4 anos. Sou muito grato à sociedade catarinense por me permitir mostrar que é possível gestão íntegra e de qualidade.


Schettini: O que o Sr. fará para produzir o debate e edificar as eleições de 2024?

Moisés: Se nós olharmos o resultado do último pleito, vamos ver que eu recebi quase 700 mil votos, porém o Republicanos não elegeu sequer um deputado federal. Com essa votação, o Republicanos poderia ter eleito três deputados federais. Logo, você percebe que o eleitor do Moisés votou de forma consciente, votou no Moisés em reconhecimento pelo trabalho e coerência, mas isso não se transferiu ao partido. Agora nossa tarefa é essa, fazer um partido que tenha base, que não sofra com as ondas, que tenha uma direção e uma história vitoriosa para contar, como foi o caso da nossa gestão. Centro-direita, longe do extremismo, só sobrou o Republicanos. Vamos fortalecer o Republicanos 10 em Santa Catarina, elegendo prefeitos e vice-prefeitos, vereadores, visando à reeleição do nosso amigo e deputado estadual Sergio Motta, além da ampliação da bancada estadual, bem como eleger deputado federal pelo Republicanos em SC.


Schettini: O bolsonarismo não ofereceu nada para SC. O seu governo deu dinheiro para rodovias federais. Por que isso?

Moisés: Tomei essa decisão como ato de responsabilidade com os catarinenses que perdem seus familiares nessas rodovias. As rodovias são federais, mas quem está morrendo nelas são os catarinenses. Para tomar essa medida, o Estado tinha que estar saneado financeiramente, e foi o que fizemos. Essa é a nossa gestão, que investiu nas 295 cidades catarinenses e em obras federais, como nunca visto antes. Antes da nossa gestão não havia dinheiro para nada. Não é difícil lembrar que as cidades eram abandonadas. Me parece que isso está voltando, pelo menos em narrativas. Até o atual momento foram efetivamente pagos (obras executadas e medidas, consequentemente) R$ 384 milhões, recursos 100% dos catarinenses - Tesouro Estadual, nas obras de responsabilidade do DNIT nas rodovias federais, como BR-280, BR-470, BR-285 e BR-163. Só não foram utilizados 100% dos R$ 470 milhões anunciados porque as obras não avançaram além dessas medições.

Schettini: O governo Lula da Silva já repassou recursos e movimentou ações em favor da Segurança em SC. Jorginho Mello ignora ou soma?

Moisés: Não sou avalista do atual governo. Creio que teremos retrocessos. Na segurança tivemos a melhor eficiência do Brasil. Os números não mentem. Além disso, criamos o Conselho Superior de Segurança Pública, que foi modelo para o Brasil e foi extinto no atual governo. Criamos duas polícias (a Polícia Científica e a Polícia Penal), e esta última já vê retrocessos na atual gestão. Não há como plantar chuchu e querer colher tomate. A sociedade catarinense perdeu uma grande oportunidade de dar seguimento às melhores práticas de gestão do país. Que seja um tempo de reflexão e amadurecimento da democracia e da capacidade de escolha da nossa gente. Por outro viés, todos nós queremos uma educação pública de qualidade. Nesse quesito, por exemplo, nós fizemos investimentos recordes na educação pública de nosso Estado, não só na infraestrutura escolar, mas na valorização e capacitação dos professores. A atual gestão cortou bolsas para estudantes do ensino médio, que eram muito importantes para a manutenção do aluno na escola e sua viabilidade no ingresso ao ensino superior que, aliás, batemos o recorde de investimento em bolsas para universitários, sem vender ilusões como venderam na campanha política, prometendo bolsa pra 100% dos universitários.

Schettini: Qual seu futuro político na vida pública?

Moisés: Depois de ser governador você não abandona a política por respeito àqueles que valorizaram o seu trabalho. Há muito apelo onde quer que eu ande para eu não me afastar da vida pública. De certo modo, vejo que representamos o desejo de muitos. Muitos se veem representados pela nossa gestão. Vou cuidar do partido nos próximos anos. Quando o fanatismo passar, espero estar entusiasmado para ser uma possibilidade de escolha do povo catarinense. Recebo muito carinho em todos os lugares que vou. Há muitas pessoas que chegam brincando e me falam “Governador sou teu fã, fã do teu trabalho, nunca desista”. Esse carinho me faz caminhar com fé, fé esta que nunca abandonei em nenhum momento dessa caminhada. Mesmo nos momentos mais injustos da história política do nosso Estado, quando fomos atacados falsa e injustamente. Deus tem seus propósitos e a nós cabe agradecer por Ele ter nos dado a resiliência necessária para ficarmos de pé. Atualmente, converso com alguns parlamentares que relembram e valorizam a nossa forma de se relacionar com eles e com os gestores municipais. Atender a todos com respeito, sem cobrar nada em troca. Acho que isso é uma marca. Dá muito trabalho [risos], mas é uma marca do nosso Governo. Sou e serei sempre grato aos catarinenses pela oportunidade que me deram de cuidar da nossa gente no momento de maior fragilidade, que foi a pandemia, e mesmo com esse desafio, poder mostrar para as pessoas que uma gestão técnica traz resultados que serão colhidos por muitas gerações.


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